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História

Diácono aragonês, nascido em Saragoça, talvez martirizado em Valência, no ano 304, durante a perseguição de Diocleciano. O ilustríssimo mártir S. Vicente nasceu na cidade de Huesca e criou‐se na cidade de Saragoça, no reino de Aragão. O seu pai chamava‐se Henrique e sua mãe Enola. Desde pequeno, sentiu‐se inclinado para as obras de piedade e vida virtuosa. Dedicou‐se aos estudos e foi ordenado diácono por S. Valério, bispo de Saragoça. Sendo velho e impedido pela língua, encarregou S. Vicente do ministério da pregação. Nesse tempo, eram imperadores Diocleciano e Maximiano, tiranos cruéis e ferozes inimigos de Cristo que nunca se sentiam saciados de sangue de cristãos. Deste modo, julgavam sentir a gratidão dos seus falsos deuses e estabelecer com este seu favor o seu domínio. Enviaram para Espanha Daciano, como Presidente e ministro da sua impiedade, cego pela superstição dos deuses e tão bravo em ferocidade, como eles. 


Segundo a tradição hagiográfica, os acontecimentos ter-se-iam passado na sequência de uma série de decretos dos imperadores Diocleciano e Maximiano, emitidos nos anos 303 e 304, que intentavam reprimir o culto cristão por todo o império. Vicente seria diácono em Saragoça, quando é preso por Daciano. Recusando revelar o sítio dos livros de culto e abjurar, como ordenava o decreto imperial, é levado para Valência (episódio singular, pois Saragoça e Valência pertenciam a províncias distintas, uma à Tarraconense, a outra à Cartaginense, cada uma com o seu próprio governador). Das sequelas do interrogatório sob tortura a que foi submetido, faleceu a 22 de janeiro do ano 304.


A história deste santo chegou aos dias de hoje mais em forma de lenda do que em dados documentais. Reza a lenda que em fevereiro de 303, Diocleciano promulgou um edito imperial que ordenava a destruição geral de igrejas e objetos de culto dos cristãos, ordenou que toda a população do Império fizesse sacrifícios aos deuses romanos. Durante esta perseguição aos cristãos, Vicente, devotado cristão, recusou-se a obedecer às ordens imperiais de oferecer sacrifícios aos deuses pagãos. Por sua recusa, teria sido cruelmente martirizado até a morte, em 304. Após o martírio, o corpo de Vicente teria sido atirado aos animais, mas foi protegido por um corvo de ser devorado. Esta proteção teria sido vista pelos cristãos como um milagre, foi-lhe erguida em homenagem, uma igreja, e Vicente passou a ser cultuado como santo.


Com o fim do Império Romano, a península Ibérica sofreu a invasão dos mouros. Durante a época desta invasão, os muçulmanos, em 713, puseram o corpo de São Vicente em um barco e o deixaram à deriva no mar. O barco, levando as relíquias do martirizado, foi dar ao Promontorium Sacrum (Promontório Sacro, Cabo de Sagres, Portugal), que se passou a chamar Cabo de São Vicente. Os cristãos que aí viviam sob o domínio dos mouros, recolheram o corpo, transportando-o para uma ermida erguida em sua homenagem. Durante alguns séculos o culto a São Vicente alastrou-se por todo o território que seria futuramente o reino de Portugal.


Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, foi quem decidiu resgatar o corpo de São Vicente aos sarracenos, que dominavam Sagres nessa época. Sob as ordens de Dom Afonso Henriques, as relíquias do santo foram levadas para Lisboa. Diz a tradição da lenda que, quando o corpo seguiu no barco, dois corvos o acompanharam a velar-lhe. As relíquias, transferidas de Sagres para uma igreja fora das muralhas de Lisboa, geraram uma intensa veneração dos habitantes daquela cidade por São Vicente, que em 1173, foi proclamado o santo padroeiro de Lisboa.


S. Vicente é representado como um jovem diácono o «levita», de igual modo que Santo Estêvão e S. Lourenço, envergando a dalmática. Seus atributos são uma mó de moinho e uma grelha, instrumentos da sua Passio. A grelha de S. Vicente é diferente da de S. Lourenço, porque está eriçada com pontas de cravos. A pedra de moinho é atributo partilhado com S. Quirino, S. Victor de Marselha e Santa Cristina. O corvo que defende o seu cadáver contra as bestas selvagens aparece no seu escudo de armas. Na qualidade de santo patrono dos navegantes, apresenta a maqueta de um barco. A título de patrono dos viticultores segura um cacho de uvas. Na imaginária popular, vê-se a ensinar os viticultores na arte de cultivar a vide, desde a lavragem, a poda, floração, até à vindima. «Eis como ‐ lhes diz‐ enchereis as vossas adegas.» Às vezes, segura as tesouras ou uma podadeira. A sua mão protectora se apoia num balde (cesto) cheio de cachos ou num pipo de vinho.


Para santo Agostinho e para o poeta Prudêncio, Vincentius é sinónimo de vencedor, de vitorioso: «Venceu nos tormentos; venceu, estando morto, antes e depois do seu passamento» S. Vicente é o mais célebre dos mártires hispânicos, o único que se encontra incorporado na liturgia da igreja universal. O seu dia celebra-se a 22 de janeiro.

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